Recanto Literário

Qual o proveito das flores postas somente sobre o caixão? Têm mais valor as que são dadas em vida.

Textos

Quem é seu fiador? O Senhor é o meu fiador

 

“Dá-me, ó Deus, um penhor, e sê o meu fiador diante de ti; quem mais haverá que possa se comprometer comigo?”, diz o atribulado Jó, muito ferido e, ainda assim, acossado pelos amigos que o tinham ido visitar e confortar. Coitado de Jó! Que amigos eram aqueles, hein! Como se diz na oralidade, quem tem um amigo desse não necessita de inimigo. Pois bem. Antes de prosseguir, faço dois registros. Um, o de que uso hoje a tradução Nova Almeida Atualizada (NAA), uma versão da amada tradução de João Ferreira de Almeida, e o texto acima está no livro de Jó, capítulo 17, versículo 3. O outro registro é o de que com esta crônica homenageio meu irmão e amigo Pr. Adilton Campos Araújo, lá de Goiânia, Goiás.

 

Embora em contexto e situação diferentes, semelhante pedido foi feito a Deus por Ezequias, rei de Judá, no cântico que elevou logo após ter estado doente e ter sido restabelecido, recebendo a cura maravilhosa de Deus, o Pai. Disse Ezequias, conforme registra a parte b do versículo 14 do capítulo 38 do livro de Isaías: “Ó Senhor, ando oprimido! Sê tu o meu fiador!” Sim, ele fora curado. No versículo 5, parte b, vê-se o registro do que Deus lhe dissera: “Ouvi a sua oração e vi as suas lágrimas.” E, um pouco depois – precisamente no versículo 9 –, está o registro que dissipa qualquer dúvida: “Este é o cântico que Ezequias, rei de Israel, escreveu depois de ter estado doente e se ter restabelecido.”

 

Deus é o nosso Deus na tristeza, mas também na alegria. Assim deve ser na mente de quem, na linguagem bíblica, o reconhece e o teme como Criador, Pai, Senhor e Salvador. Os livramentos e a salvação em si vêm de Deus. Esta, a salvação, vem, segundo o beneplácito da vontade do Pai, pela graça do Senhor Jesus Cristo, o Filho, que é Deus, mas tudo vem do Pai. “Eu e o Pai somos um”, disse Jesus Cristo (Jo 10.30). Deus é o nosso Salvador, conforme ensino claríssimo de Paulo nas cartas pastorais. Oh profundidade! Oh glória!

 

O conceito de fiador é jurídico, já desde os tempos bíblicos. O fiador de alguém perante outrem é o garante e principal pagador da dívida desse alguém. A relação é tripartite: B deve a C, e A garante o pagamento. A é fiador de B perante C. Se B não paga a dívida, A tem, inapelavelmente, que pagar. Essa, sem dúvida, a principal das razões por que a Bíblia exorta a não ser fiador. “Não esteja entre os que se comprometem e ficam por fiadores de dívidas, pois, se você não tiver com que pagar, vão acabar lhe tirando até mesmo a cama em que costuma se deitar!” (Pv 22.26-27).

 

Somos devedores a Deus, o Pai, e não temos condição de pagar a dívida senão pela graça. Só a justiça de Jesus Cristo – que nos é imputada – é suficiente para pagar. É simples para quem crê: Deus, o Pai, na pessoa de Jesus Cristo, o Filho, é o nosso fiador perante si mesmo, porque o Pai e o Filho são um. Eis a razão por que Jó disse “sê o meu fiador diante de ti”. Jesus Cristo disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10.27). E, seguindo, concluiu: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo, e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um” (Jo 10.28-30). Deus ouça sua oração e veja suas lágrimas!

Valdinar Monteiro de Souza
Enviado por Valdinar Monteiro de Souza em 28/06/2025
Alterado em 28/06/2025


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